Bem- Vindo

Bem- Vindo
Queria tanto ser poeta, falar do mundo, do amor... Porque não da dor? Do sofrimento... Da injustiça então... Enfim, falar do meu sentimento

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Ausências


A noite estava fria,
o equador já sem vida,
O rosmaninho revolto na paliçada concedia um véu translucido de traços suaves na noite
no alpendre o teu espaldar não tinha ninguém,
deserto ártico,
escuridão
no rosto tatuado a desilusão
A noite avançada,
o vento norte,
horas tardias,
a mente em convulsões transgénicas,
a morte, a vida,
A desordem, o caos, o sonho!

E tu,
eras um perfume ténue que se desvanecia  no tempo
no teu espaldar vazio, esquecias as núpcias da tua mocidade
elegias a utopia, a escusa
as vozes, os murmúrios, os suores,
as janelas embaciadas
a vida, a tua vida
era,
solenidades noturnas

 
Luís Paulo
Pintura_Quando rompe a manhã_Richard Johnson

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Amar em Silêncio


… Sentei-me a descansar um pouco onde nos sentávamos meu amor,
Sim, eu sei que prometi não voltar,
mas o dia estava tão lindo, o sol brilhava, e há tanto tempo que não saía de casa.

Construí um pequeno passeio a caminhar um pouco.
Depois…
depois, ouço meus passos ecoar no silêncio frio do meu coração e lembro-me que foste o meu caminho…

Desculpa meu amor,
mas sem ti não sei que fazer,
para onde ir,

Assim,
sento-me aqui e escrevo,
Não!
Escrevo apenas palavras que vagueiam soltas e que o meu coração já não consegue segurar,
Escrevo os teus gestos,
as palavras que revelavas, tão doces que me adormecia a noite
o teu amor, que me fazia esquecer o medo
além disso meu amor,
é aqui sentado que me sinto mais perto de ti,
olho o passado,
vejo as tardes onde passeávamos de mãos dadas, a tua voz, tão clara, tão meiga, o teu sorriso desafogado que abraçava o mundo

Ah! Se pudesse emoldurar o tempo!
O tempo em que eras a minha estrofe,
meu oboé de Chopin
Ah! Se pudesse,
pendurava aquele tempo no meu quarto e tinha-te todas as manhãs!

Estou a ficar velho meu amor.
E agora…
que me importa o tempo que me sobra?!
Tu eras o hífen que me juntava á vida,
vida que ainda me autorizava sonhar, e que agora é um fardo que carrego sem esperança.

Há esperança na morte?
Por vezes dou por mim a invejar quem morre,
 Hoje, a minha esperança é que a usura do tempo seja veloz e me leve até ti!

 “Prometes que vais ser feliz?” Dizias
Prometi que sim, nunca te negava nada.
Menti!
não consigo aguentar mais a promessa,
não consigo ser feliz sem ti, meu amor…
não consigo amar-te mais tempo em silêncio,
não consigo morrer meu amor!

 
Luís Paulo