Depois daquele dia, não
tenho sido mais eu!
Minha vida tem sido uma
vida sem vida. Vida apática, cansada, como se caminhasse de um lugar para outro
e não chegasse a sítio nenhum. A minha vida, depois daquele dia, é uma vida que
se tem ajeitado apenas a existir. Está vazia, como se fosse só no mundo, órfã, sem
ter ninguém á sua espera.
Quando pego naquilo que
sou eu, e sigo a caminhar pelas ruas de sempre, caminhos de outrora, caminhos
que sempre andei, que elegi desde á muito, ouço… parece que um burburinho… noto
como que, uns olhares… olhares simulados, cúmplices, como se, se voltassem e olhassem
para mim. Como se me apontassem o dedo, e fico com a vaga impressão que se riem
de mim, que me gozam pelas costas, num gozo gratuito, voluntário.
Odeiam a audácia de não
me deixar instrumentalizar. Estranham o meu silêncio, o cuidar apenas da minha
própria vida. Intrigados, de sorriso viciado, falam de mim como se fosse de
outro lugar, de outro planeta.
Ainda hoje sinto
feridas na alma, carrego-as como herança pesada desde aquele dia. Agora sigo
com os olhos no chão, envergonhado, de viver num mundo de humanos desumanos, e
arrasto a vida á espera dum novo dia
Luís Paulo
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