Bem- Vindo

Bem- Vindo
Queria tanto ser poeta, falar do mundo, do amor... Porque não da dor? Do sofrimento... Da injustiça então... Enfim, falar do meu sentimento

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Muro de silêncio


O local achava-se ajardinado de silêncios, silêncio esse, amputado apenas pelo chilrear dos pássaros, onde a aragem clara, límpida de paz, algemava o ambiente.

Os lírios, convencidos, de laranja vestidos, regozijavam-se com o perfume das begónias e crisântemos

O sol brilhava no pináculo das árvores, coava pelos ramos dos plátanos, fazendo desenhos vivos… abstratos

O tempo ali acontecia devagar, passeava em passo lento, sem pressa, indiferente à época desinquieta, sem a ansiedade dos climas inconstantes, das ideias insalubres de homens errantes.

Indiferentes á vagarosidade consentida, da vida do homem pobre, triste e desavinda, no palácio de são bento, os cães, de barriga cheia, versejavam em latidos, incólumes á dor, ao sofrer das pessoas que insidiam.

Com uivos rançosos, bolsos a abarrotar, votam as leis, é preciso muito ladrar, as leis não os podem prejudicar, têm de ter uma alínea para os livrar

Então, os cães saem, sem açaime, roucos, não dos remorsos, transpiram os ladridos do acordo… polícias vendidos guardam-nos do povo faminto, não podem fazer mal ao seu Filinto Elísio

Os filhos dos cães têm liceus privados, piscina e equitação

No outro lado do muro, no local dos silêncios, um homem revolve os bolsos não tem dinheiro para os mantimentos… seus filhos não têm pão

 

Luís Paulo