Bem- Vindo

Bem- Vindo
Queria tanto ser poeta, falar do mundo, do amor... Porque não da dor? Do sofrimento... Da injustiça então... Enfim, falar do meu sentimento

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Natal


Aí está mais um natal,

A época é de frio… em alguns lugares a neve dá um nardo especial á quadra…

 O burburinho corrobora a ocasião,

Filas para as compras… para os presentes… correria para bacalhau… o marisco, os doces

Caixas ATM sem dinheiro

Desfralda-se o amor …

O bom natal… as boas festas, retinem no ar

Posteriormente, este hálito de amor passa, as quezílias retornam, as aversões soltam-se, volta as antipatias… as guerras entrincheiram-se e é um safe-se quem puder, cada um por si nesta guerra de interesses.

 O resto do ano esgrima-se conveniências, lucros, ganhos … seguidamente vem Dezembro mês do armistício… a hipocrisia regressa e o amor espalha-se…

O Pai-natal, gordo, empanturrado de bacalhau, de marisco... doces…avança a entregar os presentes aos meninos ricos… presentes caros, esquecendo-se das crianças pobres que passam frio, que passam fome, dos desfavorecidos e dos que nada têm…

Com tantos milhões, mas tantos milhões que se gastam, podíamos melhorar a vida de tantas…mas tantas crianças.

Não solicitam computadores… não imploram consolas… não rogam telemóveis ou bicicletas… bradam, com o silêncio do seu sofrimento, apenas um casaquinho… um cobertor… meias, sapatinhos para os pezinhos… e uma sopinha quentinha para aquecer a alma.

E o superior e preferível presente que lhes poderíamos dar… é o Amor

Temos de fazer com que o natal seja possivel todos os dias...

Por isso, vamos todos juntos...  não digo este  natal, mas todos os dias...  combater… travar a verdadeira batalha… pugnar mesmo, a insensibilidade dos nossos corações.



                                                                                                                     Luís Paulo

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Noites frias


As noites estão tristes, frias… orvalhadas

 Arvores despidas ao vento… desabrigadas,

Vocifera o flato,

 As searas serpenteiam em desalento,

Choram os olmos e plátanos em padecimento

Testemunham as giestas, as moitas, o seu sofrimento



Corpos suados em janelas embaciadas

Perscrutam no horizonte sombrio

 Um eflúvio a begónias, crisântemos adorados

No silêncio soltam as mordaças

Avassalando á bruma as suas desgraças

Exalam sussurros no tálamo quente os amados



Luis Paulo

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O livro


Era sábado,

A tarde findava,

Escoltadas por um vento de leste, nuvens azul ferrete, iam conquistando o dia, conduzindo a noite precoce de Novembro

A brisa cada vez mais robusta fazia um rumorejar nos ramos das árvores, balançando os pássaros que chilreavam procurando o melhor galho para pernoitar.

Algumas folhas secas passavam rapidamente impelidas pelo vento que pareciam fugir assustadas a qualquer coisa que as perseguia.

Testemunhei que tremia e que também eu perseguia... perseguia-te a ti…

Entrei, num ambiente acolhedor, tranquilo, uma pacificidade intelectual, onde vários grupos dispersados pela sala conversavam entre si.

 Olhaste para mim,

Eras o livro mais lindo do evento.

Livro carregado de promessas,

 Olhares cruzados, enlevados, abraçados, num enlace apertado, espontâneo, suave, delicado, numa fragilidade que é tua… uma orquídea nua…

Tudo era pequeno ao teu redor,

Não sorrias, irradiavas… pelo espaço flutuavas,

Eras a própria essência de uma fragrância floral, um bálsamo perfume do mar…

Falaram de vidas… de existências teoremas…

Discursaram poemas… dediquei-os a ti

A sala enchia… mas, sem ti, era fria... vazia…

Senti que te perdia, perdi-me em mim

Saí… estava noite, achava-se frio,

Fui empurrado por pensamentos como torrente de um perturbado rio…

Naufraguei á deriva por aí e como naufrago exausto adormeci e sonhei com o livro que não li

       

                                                                                                                                           Luís Paulo

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Vidas em Rascunho


 
Não!

Não me digas as juras que não quero ouvir

Não fales as palavras que me fazem colidir

Com momentos passados

Que passámos

Dos momentos culpados de amor, aprisionados, acorrentados…

De duas vidas que foram nossas

Não quero amputar pedaços de ti

Fragmentos que tantas noites li

Pedaços, pequenos enlaços 

Laços que te ligam a mim…

Sabes?

Não anseio modernos momentos,

Não permuto velhos tempos

Não possuo a ambição de mudar

Recordar…

Comemorar uma quadra, um lugar

Uma forma tão simples, mas, a minha maneira de estar…

Não quero,

Não intento com isto dizer

Que desisto, que não quero viver…

Viver sim, mas sem esquecer, a vida que vivi…

Ambiciono conhecer outros mundos…

Novos lugares

Assistir outros luares,

Amar-te nas cores crespulares

 Fazer destes momentos,

Um só eterno momento

E como necessitados e humildes pedintes

Não vamos rasgar as folhas do nosso caderno

Mas compor a folha seguinte

           

                                                       Luís Paulo

 

 

 
          



                                                                                       




terça-feira, 8 de novembro de 2011

Os canibais


Fantasiados de boas criaturas. --- Bons humanos… alguns lutam activamente num desespero animal, por prazeres imediatos, qual quimeras verdadeiras… verbalizam que querem ser felizes, como se a “felicidade” fosse uma palavra, subordinada a viver um dia de cada vez, abastecido de prazer licencioso…

Meus Deus, como engrandecem robustamente seu périplo sem destino…

Falseiam a vida. --- Como se fossem vigaristas, trapaceando os mais incautos. --- Vida tão despida de vida… despovoada … inexistente mesmo… Vida que parece, mas, vida desaparecida…

Não se apercebem que são escravos da podridão. --- E, onde um escravo… dependente… serviçal, é feliz? Terminantemente, na mente insalubre desse alguns procuradores do levianismo.

Bipolares, que atraiçoam o companheiro sem escrúpulos, parafraseando pausadamente á mesa o amor ausente.

Deambulam carregando um vasilhame apetecível, mas com conteúdo apodrecido, a concluírem nojo.

Estéreis miseráveis e deploráveis criaturas. --- Trazem na carne, fome carnal, que como canibais de nutrem das almas instáveis

Ser feliz, é ser superior a prazeres escondidos… ser feliz, é ser limpo de alma e mente… ser feliz, é falar a verdade… ser feliz, não é viver para hoje, mas, viver a vida para toda a vida.





                                                                    Luis Paulo


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Miseráveis


Hoje amanheci angustiado…

Tive um sonho atribulado

De misérias engastado…



Vi idosos a chorar

Não tinham dinheiro para comprar

Os medicamentos necessários para tomar…



Governos e seus lacaios

Com seus cúmplices algozes, ensaiados…

As leis fazem assentar…

 Monstros fabricados, juízes mandatários

Certificam-se em concordar…



Miseráveis empossados

Corja nojenta ensanguentados

Alimentam-se do amargurado.



Seu alimento é carne temperada

Sangue é a sua bebida adubada

Eles não comem,

Devoram, o já mortificado



Fazem das palavras,

Palavras faladas, inúteis, enganadas

Palavras, essas, que por poetas são embelezadas

Como nenúfares num lago espraiadas

Por isso, tu, poetisa impoluta

Tens de lutar nesta maldita vida puta

Os desfavorecidos tristes fados…


                                                                                                    Luis Paulo












quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Lembro-me tão bem...


Lembro-me tão bem…

Inaugurava o mês de Novembro. --- O dia iniciava com o céu plúmbeo… Tenazmente cinzento… Conduzindo uma brisa fresca, veiculando um aroma a begónias e crisântemos… Um nardo a terra húmida ressuscitava no ar…

Surgias com o teu passo tímido e nervoso. --- Esboçavas um sorriso inquieto e inseguro... As maçãs do rosto delineavam ruborizadas. --- Os olhos? Há! Os olhos transportavam um brilho de uma incansável alegria…

Parados. --- Emudecidos… olhando-nos alienados de tudo á nossa volta, testemunhámos todo o nosso agradável percurso, como se estivesse gravado ao indelével nos nossos corações…

Presenciei que te arrepiaste. --- Encolheste-te ligeiramente… aconchegaste o casaco e colocaste as mãos nos bolsos.

Conduzias a voz embargada pela emoção…

Determinas falar, mas, da tua garganta apenas escapa um sussurro. --- Sussurro esse que se confunde com o murmúrio da brisa outonal…

Não compreendi o que disseste. --- Mas, pelo movimento dos lábios, foi como se tivesse ouvido em profunda sonância, a voz metálica de um altifalante de uma estação ferroviária…

Eu perdoo-te Luís…

Lembro-me tão bem…

O céu plúmbeo… o dia cinzento… a aragem fria… tudo isso desapareceu… tudo isso se esfumou, como que contagiados com minha alegria… o Sol brilhou como se fosse Agosto, que aqueceu meu coração e deu luz á minha vida

Abraçamo-nos efusivamente e autenticámos tranquilamente, pacificamente um prazer á muito ausente…



                                     Luís Paulo




domingo, 9 de outubro de 2011

Mundos opostos



Inconscientemente, transitava uma vereda sinuosa…

Uma estrada larga, com permissividade excessiva.

Iterenário opaco, abastecido de obstáculos. --- Antagonismos humanos… Com valores mortos, onde permutam a verdade pela mentira… Que trocam conversa saudavel… educativa, por conversas obscenas… Espúrias…

Metamorfoseiam o Amor, a essência da vida, por sexo animalesco… Suas actividades são tão repulsivas, que transportam no hálito cheiro a excremento…

 --- Era um mundo asqueroso… Abjecto… Imundo… Onde me encontrava aprisionado, acorrentado… Como os condenados às galés com as suas correntes e grilhões.

Ambicionava fugir deste trilho. --- Mas, uma voz macia… Sensual… Lasciva… Lúbrica… Ardilosa… Conduzia-me contínuamente com linguagem de engano, como se recruta um touro ao abate. Elas próprias reconhecem que são desprezíveis. --- Mas gostam e persistem nos seus actos ignóbeis…

São estas pessoas. --- Que insistem, em transformar o mundo num lago de aguas paradas… Fétidas… Podres, a cheirar mal

E ali residia eu. --- Neste abismo… Neste mundo fétido… Adulterado… Até que te vi. --- Ao longe é verdade, a tua imgem ainda estava indefenida… Mas assim, como o dia clareia mais e mais, até estar firmemente estabelecido, assim tu vieste a mim, mais e mais até a tua imagem estar defenidamente descoberta…

Lembro que falei dos teus olhos. --- Olhos brilhantes… Radiantes… Expressivos… Tu? Tu adocicaste as palavras com a verdade… Com ternura… Com amor.

Pedi a tua mão. --- Olhaste-me com surpresa… Com perturbação… Não esperavas este meu absolutismo… E timidamente pousaste a tua mão na minha… Foi o momento aureo do nosso encontro…

Desataste teu coração. --- Onde entrei… 0nde penetrei até ao fundo do teu mais íntimo, e descobri um planeta novo. --- Com caminhos sensatos… Harmoniosos… Aprazíveis, que se respira autêntica paz…

Universo de imperturbabilidade.

 Com belos jardins… sebes podadas, formam artisticamente desenhos labirínticos.
Relva com um verde fresco, saciado de irrigação… Lagos, contendo peixes de várias cores… repuxos, flores são das mais variadas, com sua fragrância a ressuscitar no ar… Pavões com sua plumagem de cores luxuriantes…
Na área envolvente, várias árvores formam uma floresta exuberante, onde o sol côa nas suas ramagens. 
O chilrear e o volutear dos pássaros, é mais um elemento, para reforçar a ideia de que esta parte do mundo, não mudou muito desde o éden.




                                          Luis Paulo

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Perola do Atlantico...


São três da tarde…

O dia está firmemente estabelecido.

O sol de Agosto… Desenha… Caustica seus raios na terra… Conduzindo luz… transferindo calor ao mundo…

Lenbro-me dos teus olhos…

Olhos pretos… Pretos azeviche… Como a corroborarem, que em ti reside o amor… Que a mim remetem… Me endereçam raios de alegria e esperança…

Sentado…

Contemplando o profundo oceano que nos separa…

Peço ao céu, que envie anjos para te carregarem a mim… Minha flor… Minha pérola do atlântico…

Tantas vezes quis negligenciar estes sentimentos meus… Sem alcançar… Sem vislumbrar ser possivel…

E aqui estou eu, em frente às águas que nos desconjuntam… Que nos apartam… A meditar em ti…

Por favor desculpa…

Por favor perdoa… Perdoa não acordar o pacto… O nosso plácito… Convenção de silêncio…





                                                                                            Luis Paulo


domingo, 18 de setembro de 2011

Audácia...


Ambicionava tanto que estivesses aqui.

Olhar-te nos olhos…

Ver-te sorrir…

Quando me lembro, das tuas palavras segredadas… Que saudades meu Deus!

Teus abraços, são como um cachecol, que me envolve e aquece no inverno mais frio…

Recordo, francamente, a última primavera. --- Testemunhámos o aparecer das primeiras andorinhas… Olhámo-nos sorrindo sob o Sol de Abril… Falaste que adejavam baixo… Um adejar meio atabalhoado, mas único e de uma grande beleza, adicionaste.

Interpretámos nesse momento, momentos ímpares… excepcionais, de uma grande singularidade e cumplicidade…

Lembro, que toquei teus lábios carnudos e aveludados. --- Beijei-te ao de leve, com medo de te magoar… Depois mais enérgico… Com fome de ti, sôfrego, saciei-me num sabor a pétalas açucaradas… Teus lábios eram como deliciosos gomos, que se abriam como uma flor diante do Sol.

Perdemo-nos para lá do horizonte, num paraíso de sensações e sentimentos, afogando-nos um no outro, derretendo-nos num amor incandescente…

Nada mais existia, apenas nós dois e aquele instante. --- Com os corpos colados, fundimo-nos num só e amámo-nos toda a noite…

Hoje. --- As minhas noites não são mais ditosas.

Tenho sonhos. --- Tenho pesadelos… Sonho que te afastas… Primeiro afastas-te devagar, muito devagar … Tento alcançar-te. --- Quanto mais me aproximo mais tu te afastas… Corro… Corro desesperadamente… Chamo por ti… Quanto mais corro, mais longe estás… Estou cansado, sinto dificuldade em respirar… Corro… Meus pulmões, não aguentam tanto esforço… Sinto-me desmaiar de cansaço… Mas, vejo-te cada vez mais longe… Vejo-te desapareceres… Vejo-te esfumares, como uma bruma…

Então, quando desapareces… Quando deixo de te ver. --- Acordo… Acordo aflito, alagado em suores frios, num leito intranquilo… Inquieto… Desassossegado.

Lentamente e quando me apercebo que não passou de um sonho… De um pesadelo… Quando a respiração começa a normalizar… A pacificar… Sou confrontado com a dura realidade.

Onde estás tu minha querida?

Levanto-me da cama, sento-me e então choro. --- Choro de saudades… Das primaveras passadas… Dos teus olhos… Do teu sorriso… Dos jantares á luz das velas… Das conversas… Das noites de amor… De ti…

Hoje, no meu quarto. --- Espraiado… Taciturno… Afiguro esses instantes cingidos nesse amor intenso.

E audaciosamente tomei uma decisão…

Vou lutar por ti… Vou parar de ter pena de mim mesmo… Vou lutar contra os pesadelos… Vou lutar contra o mundo… Vou lutar contra todos os opositores… Vou lutar contra o sofrimento… Vou conquistar-te outra vez…

Vou olhar-te nos olhos… Vou ver-te sorrir… Vou passar muitas primaveras contigo… Vou amar-te de novo.

                                                                                                  



                                                                         Luís Paulo










sábado, 17 de setembro de 2011

Os mediocres


A manhã principiava triste, fria, chuvosa, escura… o termómetro não passaria dos três graus célsius.

O crepúsculo espreitava timidamente no horizonte. --- Cinzelando… prateando as águas da baia

O homem não ambicionava tugúrio. --- Tingido da chuva copiosa… enregelado até aos ossos… permanecia ali… parado… contemplando o vazio.

Tinha um cariz necessitado. --- O sobretudo sujo… esfarrapado… mostrava alguma negligência… as calças, compridas, deixavam aparecer uns sapatos censurados pelo uso… na camisa incolor, sobrevinha uma gravata desmaiada pelo hábito…

Na penumbra. --- Seu rosto curtido pelo sol apresentava docilidade… os lábios finos, rectilíneos, davam-lhe um aspecto nobre. --- Os olhos, pretos, inexpressivos, inabaláveis não contemplavam ponto nenhum… como que olhando para si mesmo…

Como pode o falaz pedir a inteireza? --- Considerava ele com sofrimento…

Era tão bom que praticasses a verdade --- Diz delicadamente o enganador! --- Primeiro para contigo próprio, depois para os outros…

Seu rosto agora era completo de amargura, de uma total ausência, numa luta desigual entre o bem e o mal. --- Como é possível tamanha hipocrisia? --- Pensava. --- Pessoas de quem gostamos e queremos bem, serem assim tão dissimulados?

Então terminantemente considerou. --- Porquê calar a revolta? --- Perguntava-se. --- Porque não exteriorizar o que me consome?

Porque não dar voz ao repúdio inerente em mim?

Será que os medíocres compreenderão? --- Noto-os demasiado incultos.

Seriam palavras deitadas ao vento… ou deitar pérolas a porcos…

São miseráveis na forma voluntaria. --- Humanos imprestáveis… sujos nas suas acções.

Definitivamente, não lhes darei vitória com minhas palavras.

Ficarão com o silêncio do meu repúdio.

O homem de aspecto necessitado pegou no seu alforge, onde carregava seus poucos pertences. --- Com os olhos fustigados pela dor… decididamente, abandonou o local afogando os pensamentos nas águas prateadas e, confundindo-se na madrugada, tornou-se invisível á luz do dia.



                                                                               Luís Paulo